HIDROGÊNIO VERDE: O BRASIL ESTÁ PREPARADO?
Com a COP29 se aproximando, o hidrogênio verde deve ganhar destaque nas discussões sobre soluções sustentáveis para enfrentar a crise climática
O hidrogênio verde é uma das grandes promessas para a transição energética global, principalmente no combate às mudanças climáticas. Produzido através de fontes renováveis, como energia solar e eólica, ele se destaca por ser uma alternativa limpa que pode substituir combustíveis fósseis em diversas indústrias. Mas como o Brasil está se posicionando diante dessa inovação, e quais são os desafios e oportunidades à medida que essa tecnologia avança?
O que é hidrogênio verde?
O hidrogênio verde é produzido por meio de eletrólise, um processo que utiliza energia renovável para dividir moléculas de água em oxigênio e hidrogênio. Ao contrário de outras formas de hidrogênio (como o cinza e o azul, que geram emissões de carbono), o verde é considerado 100% limpo, sem emissão de poluentes durante sua produção.
A MIT Technology Review aponta que a demanda por hidrogênio verde deve crescer substancialmente nos próximos anos, com projeções de US$ 300 bilhões em investimentos globais até 2050. Governos, empresas e organizações de pesquisa estão investindo fortemente nessa tecnologia, que promete desempenhar um papel crucial na descarbonização de setores como transporte, indústria e geração de eletricidade.
O Brasil e seu potencial no hidrogênio verde
O Brasil, com sua abundância de fontes renováveis de energia (hidrelétrica, solar e eólica), tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de hidrogênio verde do mundo. A grande disponibilidade de energia limpa oferece ao país uma vantagem estratégica, principalmente para exportação para mercados que estão em busca de alternativas sustentáveis.
Algumas empresas brasileiras já estão desenvolvendo projetos voltados para a produção de hidrogênio verde. A Vale, por exemplo, está testando o uso de hidrogênio verde em suas operações de mineração, enquanto a Petrobras também anunciou estudos na área. No entanto, para que o Brasil se consolide nesse setor, é necessário que o país avance em questões regulatórias e em políticas públicas que incentivem esse tipo de produção.
A regulamentação no Brasil
Apesar do grande potencial, o Brasil ainda enfrenta desafios em relação à regulamentação do hidrogênio verde. A falta de uma estrutura legal clara para a produção, distribuição e comercialização desse tipo de hidrogênio tem sido um obstáculo para que projetos em larga escala avancem com mais rapidez. Especialistas do setor apontam que uma legislação adequada é crucial para atrair investimentos internacionais e criar um mercado competitivo.
O governo brasileiro já demonstrou interesse em desenvolver políticas voltadas para o hidrogênio verde. O Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia, cita o hidrogênio como uma das fontes-chave para o futuro energético do país. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para transformar esse potencial em realidade.
Recentemente, foi sancionada a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono. A Lei 14.948, de 2024, regulamenta a produção de hidrogênio considerado de baixa emissão de carbono e institui uma certificação voluntária. Segundo informações da Agência Senado, pela nova lei, será considerado hidrogênio de baixa emissão de carbono aquele que, no ciclo de vida do processo produtivo, resulte em valor inicial menor ou igual a 7 quilos de dióxido de carbono equivalente por quilograma de hidrogênio produzido. Esse número, a ser adotado até 31 de dezembro de 2030, representa a intensidade de emissão de gases do efeito estufa e foi aumentado pelo Senado, atendendo especialmente os fornecedores de etanol.
Importante ressaltar: a principal diferença entre o hidrogênio de baixo carbono e o hidrogênio verde está relacionado ao processo de produção e à quantidade de emissões de carbono geradas durante esse processo.
A COP29 e a agenda global do hidrogênio verde
A transição energética é um dos principais temas das Conferências das Partes da ONU (COP), e com a COP29 se aproximando, o hidrogênio verde deverá ocupar uma posição central nas discussões sobre soluções sustentáveis para enfrentar a crise climática. Países ao redor do mundo estão buscando regulamentar e expandir o uso do hidrogênio verde como uma maneira de reduzir suas emissões de carbono e cumprir as metas do Acordo de Paris.
O Brasil possui as condições naturais ideais para se tornar um dos principais produtores globais de hidrogênio verde, mas ainda precisa superar barreiras regulatórias e ampliar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, como citado acima. Enquanto isso, países como Alemanha e Japão estão avançando rapidamente em suas estratégias nacionais para hidrogênio, colocando uma pressão maior no Brasil para que se posicione de maneira competitiva nesse novo cenário energético.