NOMOFOBIA: O MEDO DE FICAR SEM CONEXÃO

Entenda o significado do termo e como a relação com o celular pode impactar o bem-estar e a saúde mental em um mundo cada vez mais digital

O smartphone se tornou uma extensão de nós mesmos, e a ideia de ficar sem ele, mesmo por alguns minutos, pode gerar ansiedade em muitas pessoas. Esse comportamento está relacionado a um fenômeno crescente chamado nomofobia: o medo irracional de ficar sem o celular.

A palavra nomofobia vem da expressão em inglês “no mobile phone phobia” e foi identificada pela primeira vez em 2008, em uma pesquisa do Reino Unido. Desde então, com o aumento da dependência tecnológica, esse transtorno se tornou um problema global.

De acordo com um estudo realizado pela Deloitte em 2022, o brasileiro desbloqueia o celular em média 78 vezes por dia, o que reflete um comportamento de hiperconexão. O mesmo relatório, intitulado Global Mobile Consumer Survey, aponta que 65% das pessoas sentem pânico ou ansiedade ao se verem sem acesso ao celular, seja por falta de bateria, ausência de sinal ou mesmo por esquecê-lo em casa.

Além disso, a nomofobia não afeta apenas uma faixa etária específica, mas é predominante entre jovens de 18 a 34 anos, grupo que cresceu com o avanço das tecnologias digitais e onde a presença do smartphone faz parte do dia a dia, seja para trabalho, estudo ou lazer.

Impactos da Nomofobia

O impacto da nomofobia vai além da ansiedade momentânea. A dependência excessiva do celular pode afetar relações pessoais, produtividade no trabalho e até mesmo a saúde mental. Estudos divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o uso prolongado de smartphones pode gerar distúrbios do sono, prejudicar a concentração e aumentar os níveis de estresse e depressão.

Existe também um efeito na saúde física, como problemas de postura (devido ao tempo excessivo olhando para telas) e até o desenvolvimento de “pescoço de texto”, uma condição causada pelo ato de inclinar-se frequentemente sobre o celular.

 O que causa a Nomofobia?

Vários fatores contribuem para o surgimento da nomofobia. Um dos principais é a necessidade constante de estar conectado e atualizado. O FOMO (Fear of Missing Out, ou medo de perder algo) também está diretamente relacionado a esse comportamento. A ideia de que podemos estar perdendo alguma informação importante, seja no trabalho, redes sociais ou em conversas com amigos, faz com que fiquemos constantemente ligados aos nossos dispositivos.

Outro ponto crucial é o uso excessivo de aplicativos e redes sociais, que são projetados para prender nossa atenção. A dopamina liberada quando recebemos uma notificação, curtida ou mensagem alimenta um ciclo de recompensa no cérebro, o que nos faz querer checar o celular repetidamente.

Como identificar e tratar a Nomofobia

Fonte: Iberdrola

Alguns sinais de nomofobia incluem checar o celular constantemente, sentir pânico ao esquecer o aparelho em casa ou quando ele está fora de área de cobertura, além de evitar lugares onde o uso do celular não é permitido. Se você percebe que sente ansiedade ao ficar desconectado ou que está gastando tempo demais no celular, pode ser hora de rever esse comportamento.

Felizmente, existem maneiras de lidar com a nomofobia. Uma das principais estratégias é a desintoxicação digital, que consiste em estabelecer horários específicos para uso do celular e períodos de desconexão. Desativar notificações, limitar o tempo em redes sociais e até mesmo adotar hobbies offline também ajudam com essa questão.

Outra abordagem é o uso consciente da tecnologia, promovendo a ideia de que, apesar da praticidade, o celular deve ser uma ferramenta e não uma extensão do nosso corpo. Para quem sente dificuldades em fazer essa transição, buscar a ajuda de profissionais de saúde mental, como psicólogos, pode ser uma boa alternativa. Terapias como a Cognitivo-Comportamental têm mostrado bons resultados no tratamento da nomofobia, ajudando o indivíduo a identificar gatilhos de ansiedade e estabelecer hábitos mais saudáveis.

Uma reflexão sobre o equilíbrio

À medida que a tecnologia continua a avançar e se infiltrar em todos os aspectos das nossas vidas, a nomofobia se torna um alerta sobre a necessidade de equilibrar a vida online e offline. Estar constantemente conectado pode gerar um sentimento de controle e segurança, mas o preço a pagar por essa hiperconexão pode ser alto para a nossa saúde mental e bem-estar.

Encontrar esse equilíbrio não é fácil, mas é possível. Pequenas mudanças, como passar mais tempo desconectado ou focar em interações pessoais reais, podem ter um impacto significativo na qualidade de vida. Afinal, o mundo digital está sempre à disposição, mas nossa saúde física e emocional merece um cuidado especial.