REDESCOBRINDO A MODA ATRAVÉS DO UPCYCLING

O método emerge como alternativa criativa e sustentável para a indústria, propondo soluções ao impacto ambiental do setor e redefinindo o consumo consciente

Se tem uma coisa que todo mundo sabe sobre moda é que ela muda o tempo todo. Mas, nos últimos anos, a mudança não está só no estilo ou nas tendências que vêm e vão. Esse mercado está repensando o jeito de produzir e consumir, e o upcycling tem ganhado destaque nesse cenário.

A prática vai além da reciclagem: é sobre transformar roupas, resíduos têxteis ou tecidos antigos em peças novas (e únicas!), sem precisar de novos materiais.

Afinal, o que é upcycling?

O upcycling é basicamente ressignificar peças ou materiais que estavam prestes a ser descartados, transformando-os em algo novo e melhor. Diferente da reciclagem, que costuma processar  o material para reutilizá-lo, no upcycling o tecido original é mantido e apenas redesenhado. E olha só: essa tendência que parece novidade já está em alta desde os anos 1990.

Hoje, quando falamos em moda, também falamos em sustentabilidade. De acordo com um estudo da Ellen MacArthur Foundation, nos últimos 15 anos, a produção de roupas dobrou e o tempo de uso caiu pela metade. Isso significa que estamos consumindo mais e descartando mais rápido. O upcycling chega como solução para desacelerar essa lógica de desperdício, criando uma moda que é, ao mesmo tempo, criativa e sustentável.

O problema ambiental da moda

Para a ONU, a indústria da moda é uma das mais poluentes: 10% das emissões globais de carbono vêm do setor e 20% do desperdício da água industrial. E, pra piorar, cerca de 85% de todos os tecidos acabam em aterros sanitários ou são incinerados. Ou seja, o modelo de “comprar, usar, jogar fora” não faz mais sentido.

É por isso que o upcycling está chamando cada vez mais atenção: ele reduz drasticamente o desperdício, já que reaproveita materiais que, de outra forma, seriam jogados fora. Em vez de seguir a lógica do consumo acelerado, ele propõe um jeito mais consciente de produzir moda.

Como o upcycling está revolucionando a moda

Parceria entre Miu Miu e Levi’s – Upcycling Jeans

Peças exclusivas: cada peça criada a partir dessa técnica é única, afinal, são roupas e tecidos que já têm uma história. Quer um look que ninguém mais vai ter? O upcycling é a resposta. Marcas como Stella McCartney e Marine Serre já entraram nessa onda, criando coleções que misturam sustentabilidade com alta costura.

E o melhor de tudo: a criatividade aqui rola solta. É como um quebra-cabeça de tecidos, em que cada peça antiga se transforma em algo totalmente novo e com um design inovador.

Menos desperdício, mais consciência: sabe aquele montão de roupas que vai parar no lixo todo ano? A técnica ajuda a diminuir isso. Hoje, são mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis gerados anualmente, segundo o Fashion Revolution, movimento global sem fins lucrativos. Com o upcycling, a ideia é reutilizar o máximo possível e, de quebra, reduzir o impacto ambiental.

Economia circular é o novo normal: em vez das roupas seguirem direto para o lixo, elas são reaproveitadas e voltam para o ciclo de produção. E isso é incrível, porque reduz a demanda por novos recursos e ainda incentiva um consumo mais consciente.

Uma pesquisa da ThredUp, uma das maiores plataformas de revenda de roupas dos EUA, mostrou que o mercado de segunda mão, incluindo o upcycling, cresceu 21 vezes mais rápido que o varejo tradicional nos últimos três anos. Ou seja, o futuro da moda pode estar muito mais ligado ao reaproveitamento do que a gente imagina.

Upcycling é o caminho?

Re-Roupa

Com o crescimento da conscientização sobre os impactos da moda no planeta, o upcycling se destaca como uma prática sustentável que não vai embora tão cedo. A consultoria McKinsey prevê que, até 2030, o mercado second hand  e o upcycling vai representar 13% do consumo global de roupas. Tá bom pra você?

A Copenhagen Fashion Week, que valoriza práticas sustentáveis, também colocou o upcycling no centro das atenções. Marcas grandes e pequenas estão abraçando essa mudança e mostrando que o futuro da moda pode (e deve) ser muito mais sustentável.